27 de set. de 2011


Por vezes existe nas pessoas ou nas coisas um charme invisível, uma graça natural que não pôde ser definida, a que somos obrigados a chamar o «não sei o quê». Parece-me que é um efeito que deriva principalmente da surpresa. Sensibiliza-nos o fato de uma pessoa nos agradar mais do que deveria inicialmente e somos agradavelmente surpreendidos porque superou os defeitos que os nossos olhos nos mostravam e que o coração já não acredita. Esta é a razão porque as mulheres feias possuem muitas vezes encantos que raramente as mulheres belas possuem, porque uma bela pessoa geralmente faz o contrário daquilo que esperávamos; começa a parecer-nos menos estimável. Depois de nos ter surpreendido positivamente, surpreende-nos negativamente; mas a boa impressão é antiga e a do mal, recente: assim, as pessoas belas raramente despertam grandes paixões, quase sempre restringidas às que possuem encantos, ou seja, dons que não esperaríamos de modo nenhum e que não tinhamos motivos para esperar. 
Os encantos encontram-se muito mais no espírito do que no rosto, porque um belo rosto mostra-se logo e não esconde quase nada, mas o espírito apenas se mostra gradualmente, quando quer e do modo que quer; pode esconder-se para surgir de novo e proporcionar essa espécie de surpresa que constitui os encantos. 

Sempre vc, Silvio Afonso..timoneiro q me faz alçar voo!

Na madrugada em que falamos, adormeci
por sobre livros de histórias de bruxas e
de fadas. No sonho eu atirava contra o vento
a tristeza do meu fracasso em pensar beijar
os lábios teus. Foi quando recebia em troca,
um suave e doce cheiro que vinha do jardim, do
outro lado da janela, aonde crescia, por entre as
pedras,  um lindo botão de beijo.



silvioafonso.

25 de set. de 2011

Eu não disse adeus [por Silvio Afonso,meu poeta timoneiro]


Foram estas despedidas que abriram no meu peito esse vazio, pois dali vazaram alguns dos meus melhores sentimentos. Algumas lembranças felizes e a imagem imaculada das minhas intenções não resistiram, bateram asas e com eles foram embora. Talvez houvesse em contraponto com os não da minha infância uma razão para o fraquejar das minhas pernas. Quem sabe não ficou no fundo do meu coração algo que a despedida não tenha corrompido para que eu pudesse, quem sabe um dia, voltar a sonhar em ser feliz? Muitos adeuses recebi e muitas lágrimas eu verti em troca. Muitas outras despedidas aconteceram em minha vida com o silêncio da morte, com a partida de um amigo ou a viagem só de ida de um parente a quem eu muito quis.
Os meus primeiros mestres muito cedo me disseram adeus. Os mocinhos do cinema galoparam tela adentro para fugir de mim, mas deixaram nos meus sonhos as suas aventuras. O Tarzan, a Jane e a Chita. O meu avô, a minha avó, o Antônio da Bianca, o Bahiano do bar, o Marrom, meu compadre e o meu pai tão querido e invejado. Todos se foram, sendo que alguns me permitiram vê-los, mas despedir de mim, só a sua ausência foi capaz. Hoje eu tenho medo do tempo que apressado vai deixando em nossas vidas o registro de cada época. Algumas pessoas têm boas ou más lembranças e outras de nada ou quase nada se recordam. Todas, porém, estão curvadas, de uma forma ou de outra, pelo cansaço, e a cada dia que passa vão, enfraquecidas, ficando para trás.
A ordem natural das coisas me afiança que é preciso que haja uma boa reserva de lágrimas porque idosa, bem velhinha, mesmo que lúcida e aparentando felicidade em cada riso, gestos e beijos, a hora da minha mãe dizer adeus está chegando. Eu adoraria não deixá-la partir, mas se ela se for antes de mim e eu chorar por mais tempo do que a minha vida inteira permitir, eu juro que será a última vez que eu vou falar do tempo. Da vida. E da morte.





Então amigo q admiro mto..qdo te leio é como se vc tivesse vislumbrado meu interior e encontrasse exatamente tudo q gostaria de expressar, e  com suas palavras fala por mim..não me canso de postar seus textos, pq são reais e conseguem me fazer viajar.E olha como vc, tbm espero minha ultima estação, com alguém a me esperar com a certeza de não mais ter despedidas, e se tiverem, q pelo menos eu tenha esse alguém ao meu lado e q possamos lamentar ou chorar juntos a saudade q a despedida possa causar..Bjos em sua alma linda!

19 de set. de 2011


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. 
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. 
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. 
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. 
Deles não quero resposta, quero meu avesso. 
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. 
Para isso, só sendo louco. 
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. 
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. 
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. 
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. 
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. 
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. 
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. 
Não quero amigos adultos nem chatos. 
Quero-os metade infância e outra metade velhice! 
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. 
Tenho amigos para saber quem eu sou. 
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

O menino de meias vermelhas

[Por  Ale Biet]
Ele era um garoto triste...
Procurava estudar muito...
Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa... 
Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas... 
Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava meias vermelhas...
Ele falou, com simplicidade...
No ano passado, quando fiz aniversario, minha mãe me levou ao circo... 
Colocou em mim essas meias vermelhas...
Eu reclamei...
Comecei a chorar...
Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas... 
Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas...
Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas, saberia que o filho era dela...
Ora, disseram os garotos...
Mas você não está num circo...
Por que não tira essas meias vermelhas e as joga fora?...
O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou...
É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora... Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas... Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai me encontrar e me levará com ela... 
Muitas almas existem, na Terra, solitárias e tristes, chorando um amor que se foi...
Colocam meias vermelhas, na expectativa de que alguém as identifique, em meio a multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração... 
São crianças, cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios, enquanto eles mesmos se lançaram a procura de tesouros, nem sempre reais... 
Lesadas em sua afetividade, vivem cada dia a espera do retorno dos amores, ou de alguém que lhes chegue e as aconchegue... 
Tem sede de carinho e fome de afeto...
Trazem o olhar triste de quem se encontra sozinho e anseia por ternura... 
São idosos recolhidos a lares e asilos, as dezenas...
Ficam sentados em suas cadeiras, tomando sol, as pernas estendidas, aguardando que alguém identifique as meias vermelhas... 
Aguardam gestos de carinho, atenções pequenas...
Marcam no calendario, para não se perderem, a data da próxima visita, do aniversario, da festividade especial... 
Aguardam... 
São homens e mulheres que se levantam todos os dias, saem de casa, andam pelas ruas, sempre a espera de alguém que partiu, retorne... 
Que o filho que tomou o rumo do mundo e não mais escreveu, nem deu notícia alguma, volte ao lar... 
São namorados, noivos, esposos que viram o outro sair de casa, um dia, e esperam o retorno... 
Almas solitárias...
Lesadas na afetividade...
Carentes... 
Pense nisso... 
O amor, sem duvida, é lei da vida...
Ninguém no mundo pode medir a resistencia de um coração quando abandonado por outro... 
E nem pode melhorar da qualidade das reações que virão daqueles que emurchecem aos poucos, na dor da afeição incompreendida...
Todos devemos respeito uns aos outros...
Somos responsaveis pelos que cativamos ou nos confiam seus corações... 
Se alguém estiver usando meias vermelhas, por nossa causa, pensemos se esse não é o momento de recompor o que se encontra destroçado, trabalhando a terra do nosso coração... 
A maior de todas as artes é a arte de viver juntos...

Bem vindo Novo Ano!!

Eu fui coragem quando eu não fazia ideia de como amadurecer. Eu reconheci os meus erros e aprendi a não repeti-los quando o mais fácil era ...